Um dos enigmas do último levantamento do PIB (Produto Interno Bruto) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foi a queda aguda no setor da construção civil - -8,4% em relação ao terceiro trimestre de 2008.
O tema motivou uma boa discussão no meu Blog (http://www.luisnassif.com.br/) e trouxe esclarecimentos sobre esse aparente paradoxo, do mercado se anunciando aquecido, com o programa habitacional do governo, mas as estatísticas dizendo que não.
De acordo com as explicações, ocorreu o seguinte.
O setor de construção civil vinha sendo puxado pela área imobiliária, que tem um ciclo longo, de mais de dois anos em média entre a decisão de construir um novo prédio, adquirir o terreno, levantar o imóvel e colocá-lo à venda.
Em 2007 houve inúmeros aumentos de capital de incorporadoras, que levou a uma bolha na compra de terrenos. No final de 2008, a crise econômica espalhou o pânico, devido à queda brusca na demanda por imóveis, queda no valor das ações de incorporadoras de capital aberto e paralisação de financiamento pelos bancos privados.
Muitos projetos foram suspensos ou não foram lançados na época. Mas só agora esses dados são captados pelo IBGE, que mede o voluma de obras físicas. Os lançamentos suspensos de fins de 2008 deveriam estar em construção em 2009. Portanto a queda atual é reflexo direto da crise de um ano atrás.
Com o fim da crise, o setor voltou à toda.
Um dos comentaristas do Blog, dono de uma incorporadora, informou que sua empresa desse vendas 2009 com 44% de vendas totais a mais do que em 2008. Essas vendas irão se refletir na construção física em 2010 e 2011 – mas não são captadas pelas estatísticas sobre o momento atual.
Esse “boom” está ocorrendo em um momento em que o programa “Minha Casa, Minha Vida” ainda não se refletiu em toda sua intensidade no setor. Apenas agora a Caixa Econômica Federal começa a desovar os pedidos de financiamento acumulados nos últimos meses.
Em meados de 2010 o impacto deverá ser pleno sobre o setor.
E aí se entra nesse paradoxo. De um lado o IBGE mostrando uma queda substancial, mas que é reflexo da crise do ano passado. De outro, o setor temeroso de um superaquecimento em 2010.
Há receios de que venha a falta mão-de-obra, já estão aparecendo os primeiros problemas de abastecimento de materiais, especialmente na oferta de alumínio – que já está sendo vendido com prazo de entrega.
Esse aquecimento poderá ser ampliado pelos bancos privados que, depois de um longo período de interrupção de financiamento, voltaram a financiar pesadamente o setor, inclusive ampliando os limites de crédito para as construtoras mais sólidas.
Alguns especialistas têm sugerido a mudança no processo produtivo da construção, para algo mais industrializado, com linhas de montagem. Não se faz esse reciclagem de imediato. Como explica o empresário, há milhões de trabalhadores empregados no setor que majoritariamente recorre à tecnologia de concreto armado e alvenaria não estrutural.
Fonte: ultimosegundo.ig



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