Programa promete milhares de unidades, mas especialistas criticam projetos.
Há um ano e meio, as margens da Estrada dos Palmares, na localidade dos Jesuítas, em Santa Cruz, eram um descampado com casas espaçadas. Nos últimos meses, no entanto, surgiram ali dezenas de prédios, com 2.718 unidades, que em breve devem receber cerca de dez mil moradores. Esta mudança está sendo operada pelo programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), do governo federal, que, em parceria com a prefeitura, pretende entregar cem mil unidades no Rio até 2016. Nos próximos dois meses, a expectativa é que 8.718 casas sejam entregues, entre elas as dos Jesuítas, somando 12.450 unidades até o fim do ano, segundo a Secretaria municipal de Habitação.
A chuva de números, no entanto, não impressiona a arquiteta Luciana Correa do Lago, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur/UFRJ). Pelo contrário.
- Estão cometendo os mesmos erros da época do BNH. É uma velocidade de construção nunca vista. Mas, quase sempre, com má qualidade, em terrenos baratos para aumentar o lucro das construtoras, apartamentos de até 42 metros quadrados e distantes dos centros de trabalho e sem transporte - diz Luciana, lembrando que, do fim dos anos 80 até agora, foram mais de duas décadas de hiato de políticas habitacionais federais no Rio.
Transporte é problema para os moradores dos condomínios do Minha Vida da Estrada dos Caboclos, em Campo Grande. Eles começam a se reunir às 3h30m. Na escuridão de uma estradinha, caminham juntos, por mais de meia hora, até um ponto mais movimentado, onde há transporte para o trabalho.
Invasões de casas são comuns
- Aqui é longe de tudo, por isso saímos de madrugada. Nunca tinha ouvido falar da Estrada dos Caboclos antes de vir para cá. Sou de Realengo e gosto de lá. Se pudesse, voltava. Mas a minha casa foi condenada - diz Elisangela do Carmo, de 41 anos, que recebeu o apartamento em Campo Grande de graça, da prefeitura.
INFOGRÁFICO: Conheça a história dos conjuntos habitacionais
Fonte: oglobo




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